terça-feira, 31 de maio de 2011

Os Séculos XVI e XVII
Na abordagem aos séculos XVI e XVII o grupo optou, devido às suas grandes semelhanças, por uma análise conjunta aos mesmos.
        No início do século XVI deu-se uma grande “revolução” no que diz respeito à mentalidade humana que marcou o final da Idade Média e o início da Era Moderna. A este período deu-se o nome de Renascimento e neste verificou-se uma grande evolução de vários aspectos da vida do Homem como as artes, as ciências, a religião mas, principalmente, da filosofia que teve enormes consequências na moda, pegando em elementos nos séculos anteriores e aperfeiçoando-os e dando origem a inovações quer nos tecidos usados, peças de vestuário e no realce, através da moda, da grande segregação social existente. São estes os principais pontos de focagem no nosso trabalho acerca da evolução da moda no Renascimento.

Os Tecidos

Na Europa, nos séculos XVI e XVII eram vulgares tecidos como:
·        As sedas;
·        Os veludos;
·        Os tafetás (tecido fabricado através de seda entrançada que tinha como principais características a sua resistência a químicos e ao desgaste abrasivo e a sua grande durabilidade);
·        Os cetins (usados pelas classes mais abastadas);
·        Os linhos;
·        Algodões e lã (usados pelas classes sociais mais pobres).
Eram também vulgares os damascos podendo ser usados por todos dependendo da sua constituição que podia variar entre a seda, lã, linho ou algodão, este ultimo tecido era muito utilizado também em tapeçarias e é originário da cidade de Damasco na Síria. Durante esta época era bastante frequente uma decoração com base em efeitos florais, de folhagem e de frutos bastante complexos. No entanto, com a evolução do período renascentista, estes padrões decorativos foram sendo substituídos por motivos ibéricos mais geométricos, tendo sido esta alteração impulsionada por uma mentalidade mais individualista que incentivou as pessoas da época a focarem-se cada vez mais em elementos de origem europeia substituindo assim os motivos muçulmanos e orientais muito apreciados até então.

Peças do vestuário
Durante os séculos XVI e XVII o vestuário das pessoas era constituído por um grande número de peças e acessórios embora não fossem todas usadas por todas as classes sociais devido a uma ostentação de riqueza que era transmitida pelas mais altas através da roupa.
Do vestuário da época faziam parte imensas peças comuns ao sexo masculino e feminino tais como:
  • Roupa interior – Estas peças eram constituídas, para a zona do tronco, por uma veste larga e comprida para as mulheres e um pouco mais curta para os homens descobrindo os joelhos e os braço, eram confeccionadas com tecidos leves como o linho ou o algodão e eram acessíveis a todas as classes sociais da época. As mulheres, para protecção dos seios (hoje equivalente ao soutien) passaram a utilizar os espartilhos muitas vezes usados por fora da roupa. As fraldilhas passaram a ser semelhantes às cuecas actuais embora fossem feitas de lã bastante fina (coisa que já não se faz hoje em dia) e, nos homens passaram a ser vulgares as ceroulas de Holanda e de chamalote (fraldilhas de pernas mais compridas). Por fim, o uso de meias normalizou-se passando a fazer parte do dia-a-dia das pessoas.   
  • Saios – Os saios femininos destes séculos consistiam num vestido comprido e largo, onde era comum a existência de um grande decote de forma triangular ou quadrangular, com uma saia larga e bastante comprida formando uma grande fralda, e que tinham como uma das principais características uma espécie de balões nos ombros, tendo as mangas justas ate ao antebraço tornando-se largas de novo na zona do pulso. A decoração destes saios ou briais era feita através de um grande número de fitas (de inúmeros tecidos) bem como adornos em ouro ou prata para as classes mais altas. Os saios eram fabricados em diversos tecidos como por exemplo veludo para as classes mais abastadas e linho ou pano para as que tivessem menos posses. Os saios masculinos, ao contrário dos femininos eram bastante mais curtos, podendo variar em comprimento (que podia ir até aos joelhos ou ficar-se pela altura da cintura) e estilo das mangas podendo ser muito justas ou largas, curtas ou compridas (podendo chegar a tocar no chão). Estes saios eram principalmente fabricados em seda grossa com forros e peles (classes mais altas) ou linho (para as mais baixas).
  • Pelotes – Os pelotes consistem em peças usadas sobre os briais que, tanto para os homens como para as mulheres, são semelhantes a mantos sem cintura e fendidos de ambos os lados ou na parte posterior e anterior dos mesmos. Possuíam também mangas largas que, com o passar do tempo foram ganhando cada vez mais a forma de balão e que possuíam uma abertura na zona do antebraço.
  • Opas – Opas femininas eram semelhantes aos pelotes embora mais amplas e compridas. Foram evoluindo e consequentemente ganhando mangas que podiam ser justas ou largas, decotes e, mais tarde, golas altas. As opas masculinas eram casacões bastante compridos e amplos com gola alta e mangas largas e compridas. Podiam ser fabricados em veludo, cetim, carmesim ou mesmo fazenda para as classes mais baixas da sociedade.
  • Mantos e capas – No que diz respeito a mantos e capas eram peças principalmente utilizadas pelos homens embora fossem, ocasionalmente, usadas por mulheres. Consistiam em peças forradas a pele que tinham a função de cobertura e podiam variar em comprimento, na existência ou não de uma cobertura da cabeça e nas diferentes formas de os adornar. Durante estes séculos tiveram uma grande importância sendo usados como vestes cerimoniais. Havia um grande número de tipos de capas como, por exemplo as tabardilhas, as capas entertalhadas, as capas duplas, as capas aguadeiras e muitas outras tendo cada uma a sua função específica.
  • Toucados – Esta foi uma das peças do vestuário que acompanhou as inovações da moda ao longo dos séculos. Os toucados derivaram dos até então conhecidos sombreiros que foram alterados consoante os gostos da época. Usavam-se na cabeça e os seus diferentes estilos dividiam-se em duas grandes categorias: os que se destinavam às mulheres e os que se destinavam aos homens. Havia diferentes tecidos através dos quais se podiam fabricar, tais como cetins, peles, veludo ou feltro para as classes mais ricas e palha ou juncos para as mais pobres e eram adornados consoante as classes sociais às quais se destinavam, como plumas, penachos, bordados ou até mesmo jóias podendo também não ter nenhuma decoração.
  • Calçado – Nesta época existia uma grande semelhança entre os dois sexos no que dizia respeito ao calçado que era geralmente bicudo, justo aos pés e fechado por intermédio de botões ou cordões (pantufos e chapins). Para além deste tipo de sapato existiam muitos outros que apenas mostravam ligeiras diferenças no que diz à sua altura (que nunca era muito considerável) ou à existência de pequenos adornos como por exemplo um laço, que estava muito “em voga” naqueles tempos. Havia sim um tipo de calçado tão usado como os chapins; as botas. Estas eram feitas geralmente de cabedais bastante fortes e destinavam-se a suportar actividades mais árduas tornando-se com o passar do tempo parte da indumentária destinada a cerimónias. As botas normalmente vinham até à altura dos joelhos apesar de poderem ficar-se pelos tornozelos. Apesar de bastante elaborados, os sapatos femininos apenas tinham uma função utilitária (devido ao facto de estarem cobertos pelas compridas vestimentas usadas na época). Para as classes mais baixas da sociedade era normal o uso de sandálias de correias e de sapatos mais rudimentares feitos de materiais menos sofisticados como linho.
  • Acessórios – Durante a época do Renascimento houve um grande número de acessórios à escolha quer para as mulheres, quer para os homens. Os acessórios femininos mais importantes eram os cintos, as gargantinhas que consistiam em véus que tinham o objectivo de cobrir o pescoço das senhoras, luvas muito finas e perfumadas, colarinhos que com o desenrolar do século passaram apenas a proteger a nuca abrindo à frente formando um espécie de leque (alça-cuello) para além dos inúmeros efeitos decorativos como rendas, brilhos de prata e fios dourados. Em termos de acessórios masculinos é importante destacar os alfreses (cintos bastante largos feitos de seda, couro, linho etc. que podiam ser embelezados por bolsas de linho, lã ou veludo com uma grande diversidade de fitas ou botões podendo também ser decoradas com motivos a ouro e forradas a tafetá), o surgimento das algibeiras, a utilização do lenço passou a ser costume especialmente na nobreza passando de pois a ser usado pelas restantes classes sociais, e as luvas que também eram bastante apreciadas pelos homens, tal como pelas mulheres sendo no entanto proibido o uso de luvas perfumadas por parte dos membros de sexo masculino.    
  • Adornos – Nesta época os adornos femininos que eram principalmente usados (naturalmente pelas classes mais altas) eram: os broches (espécie de alfinetes que se punham na roupa com o objectivo de a enfeitar e que, normalmente tinham numerosas pedras preciosas neles encrostadas); brincos; coroas; pulseiras e braceletes; anéis e um grande numero de jóias fabricadas a partir da varias pedras tais como: rubis; turquesa; safiras; esmeraldas etc. Quanto aos adornos masculinos, estes não são bem definidos mas existia uma grande utilização de pedras preciosas como os diamantes, rubis, safiras, esmeraldas, pérolas etc.

Do vestuário da época faziam também parte peças apenas adequadas a um sexo. As únicas peças destinadas apenas às mulheres eram:
  • Cotas – Cotas foram peças que surgiram nesta altura para substituir os então conhecidos saios e pelotes. Assemelhavam-se com os vestidos actuais e eram bastante largos e compridos e possuíam uma pequena gola ou um grande decote. As suas mangas eram geralmente justas e compridas podendo ser também fendidas de lado.
As únicas peças destinadas apenas aos homens eram:
  • Gibões – O gibão é uma peça de vestuário que foi criada no séc. XIV mas que foi uma das mais importantes desta época. Consistia numa espécie de camisa de veludo, seda, damasco, tafetá ou linho que era forrada e enchumaçada realçando o peito dos homens que a usavam. Originalmente era usado sem gola mas com o passar do tempo adquiriu uma bastante alta. Passaram a ser usados os gibões abertos que eram fechados por intermédio de cordões, botões ou fitas e eram usados cintos para os ajustar à cintura, enquanto que as suas mangas eram, ao contrário do corpo, justas no braço e abriam perto das mãos sendo por isso designadas “mangas boca-de-sino”. Esta peça podia ser usada por todas as classes sociais, mas esse facto não impedia as pessoas mais abastadas de adornar os seus gibões com, por exemplo, botões de seda ou até mesmo ouro.  
  • Calças – As calças foram uma das peças mais populares deste século. Ao contrário das actuais eram constituídas por duas partes (cada uma correspondente a uma perna) que se vestiam em separado atando-se através de fitas ou cordões. Estas peças podiam variar no que dizia respeito aos tecidos utilizados que podiam ser a lã, o veludo ou o tafetá; à existência ou não de pés, que eram opcionais visto que existiam calças que os tinham e que dispensavam o uso de sapatos acrescentando uma sola ao pé; quanto ao próprio formato das calças que geralmente eram justas à perna mas que podiam variar existindo mesmo modelos que formavam uma espécie de balão nas pernas conhecidas por calças bombachas e outras que possuíam uma perna de cada cor (calças partidas) e em termos de adornos que eram usados pelas classes mais altas e que podiam ir desde o uso do ouro até a pedras preciosas incrustadas no tecido.
  • Calções – Os calções foram, em termos de moda, a grande inovação do século XVI tornando-se também por isso uma das peças mais usadas na altura. No que dizia respeito aos calções, estes podiam variar em termos da sua forma, tecidos utilizados e decoração. Os calções mais usados eram os “abalonados” que, tal como o nome indica formavam um espécie de balão na zona dos joelho ajustando depois à perna logo abaixo do mesmo, que eram fabricados principalmente em dois tipos de tecido: um mais espesso (como o veludo ou a lã) e outro mais fino (por exemplo linho) e estes podiam ser decorados de diversas formas como por exemplo através de laços, drapejados ou folhos.

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